quarta-feira, 10 de julho de 2019

As impurezas da forma

Para quem acha que os poetas modernistas não prestam por não darem tanto valor à forma, deixo um aviso: às vezes, eles até dão; o leitor é que não percebe. O leitor que vai voraz atrás de um soneto, uma redondilha, um alexandrino, sai com as mãos abanando; não encontra as formas que já conhece de antemão. É preciso ter paciência com o texto, até que ele revele a profunda pesquisa métrica realizada pelo seu autor. O texto modernista é infenso ao saber prévio do leitor.
Abaixo, a escansão de um poema de Drummond, publicado no Alguma Poesia (1930), intitulado Romaria. Reparem que toda a escansão é feita com base em versos da métrica antiga - dátilos e troqueus; reparem, ainda, que cada metro revela uma voz, gerando uma polifonia que combina tema e métrica.


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