Você também aprendeu que "meio" não flexiona em português, né? Pois é. A tradição literária portuguesa admite essa flexão. A regra contrária parece ser invenção dos gramáticos considerando obrigatório o que era opcional. Há exemplos de Camões, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Castilho e Eça de Queirós do uso flexionado:
- “Uns caem meios mortos, e outros vão” (Lusíadas, III, 50)
- "A cabeça do Rubião meia inclinada" (MA, QB)
- "Casou meia defunta" (MA, VH)
- "A boca meia aberta" (MA, VH)
- "A mesma mulher, sempre nua ou meia despida" (EQ, CS)
- "Cinzeiros com cigarros meios fumados" (José Régio, História das Mulheres)
- "Cadáveres meios enterrados nas ruínas" (CCB, O judeu)
- "A carne dos cavalos meia crua" (AH)
- “Estes homens rudes combatiam meios nus.” (AH)
- "Os outros corpos estão meios podres" (Pe. Manuel Bernardes)
- "Deixando a porta meia aberta" (Feliciano de Castilho)
- "O outro, de cara meia triste" (M. de Andrade, Candinha)
- "Meia inquieta, adormeceu" (M. Andrade, Belazarte).
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